O título é pesado, mas haja alegria; como escreveu o Pessoa, hoje o almoço é amanhã. As três categorias dançam juntas tantas vezes que também isso aqui será inevitável, mas por vezes actuarão sozinhas. Desde o tempo da publicação do Educação para a morte ( Bertrand 2008) que fui ficando ainda mais enredado no estudo das perdas. A prática clínica como psicólogo favorece a teia porque estou sempre mais atento a casos que envolvam este mato. A minha história pessoal , a morte de um filho em 1998, deu-me o doutoramento: tão útil quanto desnecessário. O tempo e a memória existem, claro, fora das perdas...físicas. Assumo uma base: só perdemos o que era bom, por isso tempo e memória serão ( quase) sempre tratados aqui com a nostalgia numa mão e a lente na noutra. Pelo meio, as imprescindíveis ferramentas da subversão.
Filipe Nunes Vicente, psicólogo, escritor ocasional/ psychologist, ocasional writer ( Ed Bertrand, Quetzal).