É de bom tom elogiar a originalidade portuguesa, mas por acaso faz-me mais sentido o anglo-saxónico miss you ou home sick. Faltar-nos uma coisa ou estarmos doentes pela falta dela é bem apropriado. Seja como for, a emoção em causa é reconhecida por todos.
Tecnicamente, a saudade parece irracional. O 'Oneill explicava:
Chorar encostada a uma saudade
bem maior do que eu,
Que não fosse esta tristeza
Absurda de cada dia.
Curioso é que é das emoções que vejo mais vezes racionalizadas. Aliás, há crimes em nome do ciúme, do amor e do ódio, raramente por causa da saudade. Habituamo-nos à ausência do outro, temporária ou definitiva ( também, mas não só, sob a forma do luto). A racionalidade é assinalada através do reconhecimento da impotência, o que, como sabemos, é sintoma de saúde mental evitando identificações a Napoleão.
A tristeza absurda de cada dia é estribada numa emoção suportável e também é muito racional e saudável. Assumindo o absurdo da tristeza, ela torna-se digerível como um dente que caiu ou uma tendinite que não passa.
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