Li na Sábado uma pequena nota sobre uma mulher que comercializa as tais fraldas mas parece que agora também saias para galinhas. Quando há vinte anos comecei a ver cães vestidos também ri. Agora vão ao psicólogo, têm rações-patês mais caras que o fiambre das escolas, a guarda conjunta é discutida nos divórcios, têm festivais de Verão etc.
A frase mais comum nas redes sociais é eles perdoam tudo, nunca se zangam , estão lá sempre para nós, são fidelíssimos. Não sorrio nem rio. Os humanos que elegem estes pressupostos como o ápex relacional dão-me calafrios. Se, por um lado, há apenas os neuróticos e frustradas emocionais que encontram nas lambidelas o láudano para as suas dores, por outro transparece uma subcultura relacional que não se limita aos pets. A questão é, portanto, esta: a massa de gente que exige de uma relação com um animal a fidelidade e disponibilidade totais e a amnésia do mau humor sofrido, como se comporta com os outros humanos?
Podemos pensar que sabem fazer a distinção. Também podemos pensar que não e que por isso desfilam no gabinete do psicólogo um rosário de relações emocionais falhadas: os outro são todos maus, o mundo não os/as compreende. Pelo meio, relações pais/filhos esburacadas, namoros/casamentos terminados por infantilidades; em comum, uma ingente capacidade de tolerar a frustração. Qualquer uma.
Comments
Post a Comment