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A carta mágica

Apaixonou-se pelo carteiro que lhe levou a sentença do divórcio. Até aqui nada de  outro mundo: podia ter sido pelo polícia que a multou ou  pelo nadador salva-vidas que  a salvou.  Os vínculos têm tanto de pretexto como de necessidade. Mais sumarenta foi a resolução do problema: como voltar a vê-lo? Pois claro, a mulher começou a enviar cartas a si própria.

Temos aqui, portanto, um mergulho nas actividades  dos sacerdotes  avésticos orientais ou, já que  a mulher parece ocidental, nas dos medos ( magos). A crença na magia pode ter reforçado  a outra crença, a da que aquele homem era o homem. Se o carteiro tivesse  mudado de zona, o que teria feito a mulher? Gosto de pensar que talvez se tivesse apaixonado pelo substituto. Os desencontros também têm muito potencial amoroso.

Nada sabendo da senhora ( nem do senhor),  é óbvio que o registo deste episódio se deve , uma vez mais, ao efeito que provocou no jornalista e nos seus leitores. Adoramos pensar que dois seres destinados  um ao outro conseguem cumprir a profecia. Magias...


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