Skip to main content

Óculos

Há uma cruzada de Sofia Rodrigues, do Público, contra a direcção do PSD, diz o PSD. Se a força de  um político se mede pelos adversários que  cria, e se Sofia Rodrigues  é o adversário,  Rui Rio tem hoje o estatuto  de um vizinho numa disputa de serventias. Pode ser compreensível este desconforto com jornalistas  não atrelados dadas as recentes companhias tão amigas  da imprensa  livre, mas é o que  há.
Por outro lado, existe  um tom de evolução na continuidade. Luis Filipe Meneses esquecia  a idade Média e optava por outras épocas, mas também barganhava  na luta de condomínios: os jornalistas eram soviéticos.

Talvez por andar azougado nestas cizânias, o PSD tem  generosamente descurado o trabalho de casa. A sessão legislativa encerrou e o tal documento da reforma judiciária ficou no tinteiro. Num alarde de galhardia, tem deixado a oposição ao governo entregue ao Bloco e ao PCP. Não percebo muito bem.
Como dizia o certeiro Fialho, às vezes há  cretinos cegos cujos óculos a política toma  por orgãos visuais: deve ser o meu caso.

Comments

Popular posts from this blog

After eight

Depois da excitação sasonal, o assunto da morte de mulheres vai voltar ao remanso. Quando publiquei o livro pude estender o lençol , mas o registo pseudo-literário evitou algumas notas. Agora posso pôr a colcha. Na minha actividade profissional encontro amiúde o início do processo. Mais: encontro até processos que não chegam a ser. Duas correntes: a necessidade assumida que muitas mulheres  têm hoje de uma vida amorosa plena e a estupidificação dos maridos/companheiros/namorados diante dessa necessidade. Se a esmagadora maioria da violência sobre  elas  tem a ver com ciúme  e posse, temos de examinar a evolução das relações amorosas. O João foca-se aqui na saudade dos velhos mecanismos da solidariedade mecânica, como Durkheim a definiu, mas eles morreram bem antes do surto actual. Falando simples: se elas amochassem como amochavam há 40 anos ( não é preciso ir à sociologia do século XIX), muitos destes crimes não ocorriam hoje. A posse, a ilusão de uma garantia sobre o co

Farsas

Os três filmes sobre a luta contra  o comunismo na Polónia são polacos. Ou seja, o assunto, um dos mais importantes da vida europeia do final do século  XX, nunca interessou às grandes companhias  de Hollywood nem aos produtores, intelectuais e artistas franceses ou ingleses.    Há coerência. Também são raríssimas as incursões da  Europa ilustrada e unida contra o populismo, o fascismo e as fakes news, no quotidiano  de metade dos (actuais) europeus  sob a pata das polícias secretas, da interdição de manifestações, da proibição de livros e do encarceramento por delito de opinião. É evidente que eleger o assunto como tema de atenção significaria mostar como funcionou, na prática, o comunismo. Nos detalhes da repressão e da pobreza e não no palavreado do progresso e  da liberdade. Também havia episódios burlescos. Na Polónia as pessoas festejam o aniversário e o dia  do seu santo.  Quando era a vez de Walesa, uma espectacular pantomina desenrolava-se  diante de sua casa. Uma a u