Numa pequena provocação ( questão geracional, ou seja, estamos ambos velhos) , prometi ao AMN um comentário ao texto que ele próprio disse ter pensado duas vezes antes de publicar. A metafísica da mudança é excitante.
Em todas as épocas a mudança foi definida como a mais radical e profunda de sempre. Um conservador tenaz em tempo de vendaval, Metternich, sofreu horrores ( até psicossomáticos) com a onda liberal. Em 1850 identificou a nobreza como a grande contribuidora para a lista de sintomas de uma época doente e degenerada. É óbvio que não era assim. A pequena aristocracia exigia era dietas livres do poder central ( a húngara) ou do estrangeiro ( os nobres da Lombardia ou do Véneto), mas o lamento de Metternich ilustra uma das dificuldades da reacção à mudança: a ilusão do controlo, no caso, a preocupação com os oportunistas. ADM, no seu texto, chama-lhes populistas.
A fantasia original de cada mudança é, sim, uma questão geracional , por muito que custe ao AMN. Nem pode ser de outro modo. As mudança anteriores são lidas, as actuais são vividas. Esta diferença faz com que atribuamos a estas um poder brutal. As anteriores sjá sabemos o que foram. Burckhardt dizia que quando fosse o povo a escolher as óperas mais valia ficar em casa. O divertido disto é imaginar o povo de Burckhardt ( meados de XIX) a escolher libretos...
O texto do AMN é corajoso porque evita cair no tremendismo. Bem, não completamente porque avisa-nos para as procelárias da mudança, os tais oportunistas. É certo que fala do volante se o segurarmos bem impedimos os populistas de fazerem das suas. O que é curioso nesta concepção do AMN é imaginar a mudança , a maior de sempre, como uma coisa que pode ser controlada, conduzida. Nesse aspecto prefiro um velho reaccionário, o Evola, que dizia que não vale a pena tentar controlar a maré: mergulhemos e preparemo-nos para o que sobrar depois do vagalhão.
O AMN podia perguntar; mas então e tu o que defendes? Nada, credo. Só ando aqui para chatear, conheço os meus limites.
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