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Da loucura normal, o capitalismo.

O governo comunista  do Vietname quer  alugar terra ao governo comunista da China para fazer três mini-Singapuras. O Vietname abriu-se todo. Isto enquanto na Venezuela, ao longo do início deste século, se foi desenrolando uma experiência social. Diz o dr Louçã, um professor de economia política, que o que correu mal foi o chavismo-madurismo não ter montado um sistema produtivo. Errado. Montou um, sim.
Ora leiam este resumo. Podia ter sido escrito em  1917, 1953, 1974:



A superioridade do anarquismo sobre o comunismo é que o primeiro não quer produzir nada: toda  acumulação é veneno, propriedade privada nem vê-la se for para servir a acumulação de riqueza ( um tipo pode ter cuecas). O comunismo ( não entrando no velho debate se é ou não o estado anterior do socialismo) é a substituição do privado pelo público, leia-se, do individual pelo colectivo. E aqui começou sempre o baile.

As pessoas podemos saber o que são. São livres para serem doidas, boa ou más. O colectivo é sempre o que alguns dizem que é ou deve ser. Este poder de nomear , alicerçado, como é hábito, na repressão necessária para o exercer,  transforma o indíviduo numa peça amorfa. Por outro lado, a tal ganância capitalista - que nos deu o automóvel, o computador, a Benfica TV etc -  é  de outra dimensão psicológica: alguns continuarão tão pobres como num sistema comunista, mas muitos  não. Todas as invenções capitalistas feitas para ganhar dinheiro começaram por ser um privilégio de uma elite e acabaram por ser  de ( quase)  todos: automóveis, televisões, telemóveis etc. Nenhuma inovação tecnologica hoje massificada  foi alguma  vez  produzida  numa cooperativa socialista.

A loucura normal do capitalismo, por  oposição ao racionalismo  colectivo socialista, traz  imensos problemas. A liberdade de explorar  ( que alguns fanáticos capitalistas chamam de ser  explorado) não  faz esquecer a liberdade de inovar, mas  a maior  será talvez a destruição da Natureza. Pode parecer ingénuo, porque tendemos a esquecer o velho ditado russo: fugi do lobo, encontrei  o urso.

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