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Dicionário da derrota

A

Adiar ( v.t.)

A metafísica dos chocolates é imbatível . E acrescenta  esse grande derrotado, o  Álvaro ( o  Campos): ao tirar o papel  ( dos chocolate)  deito tudo para o chão, como tenho deitado a vida.
É uma síntese  estelífera. De cada vez que temos uma coisa nunca  a temos e começa tudo de novo.

Julgavam que  ia pela arte da cavilação? Do demorar seis meses a trocar a lampâda fundida? Não. Adiar não é preguiça ( terá a sua entrada). Adiar é viver como se o futuro fosse o passado.

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Depois da excitação sasonal, o assunto da morte de mulheres vai voltar ao remanso. Quando publiquei o livro pude estender o lençol , mas o registo pseudo-literário evitou algumas notas. Agora posso pôr a colcha. Na minha actividade profissional encontro amiúde o início do processo. Mais: encontro até processos que não chegam a ser. Duas correntes: a necessidade assumida que muitas mulheres  têm hoje de uma vida amorosa plena e a estupidificação dos maridos/companheiros/namorados diante dessa necessidade. Se a esmagadora maioria da violência sobre  elas  tem a ver com ciúme  e posse, temos de examinar a evolução das relações amorosas. O João foca-se aqui na saudade dos velhos mecanismos da solidariedade mecânica, como Durkheim a definiu, mas eles morreram bem antes do surto actual. Falando simples: se elas amochassem como amochavam há 40 anos ( não é preciso ir à sociologia do século XIX), muitos destes crimes não ocorriam hoje. A posse, a ilusão de uma garantia sobre o co

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