Skip to main content

Em breve

Um Dicionário da Derrota, publicado aqui mas arrumado num ficheiro próprio para consulta mais eficaz.

Comments

Popular posts from this blog

After eight

Depois da excitação sasonal, o assunto da morte de mulheres vai voltar ao remanso. Quando publiquei o livro pude estender o lençol , mas o registo pseudo-literário evitou algumas notas. Agora posso pôr a colcha. Na minha actividade profissional encontro amiúde o início do processo. Mais: encontro até processos que não chegam a ser. Duas correntes: a necessidade assumida que muitas mulheres  têm hoje de uma vida amorosa plena e a estupidificação dos maridos/companheiros/namorados diante dessa necessidade. Se a esmagadora maioria da violência sobre  elas  tem a ver com ciúme  e posse, temos de examinar a evolução das relações amorosas. O João foca-se aqui na saudade dos velhos mecanismos da solidariedade mecânica, como Durkheim a definiu, mas eles morreram bem antes do surto actual. Falando simples: se elas amochassem como amochavam há 40 anos ( não é preciso ir à sociologia do século XIX), muitos destes crimes não ocorriam hoje. A posse, a ilusão de uma garantia sobre o co

After eight ( 2)

Operárias, donas de pequenos aviários, empregadas de supermercados. Quando comecei, no século passado, era raríssimo ter com elas conversas sobre sexo e aparecerem-me  produzidas no gabinete, orgulhosas das unhas de gel ou das tatuagens. Eles, por seu turno, aparecem-me da mesma maneira. A pegunta dos cem milhões ( pelo menos a que eu faço a mim próprio)  é: por que motivo não evoluíram eles também ? Encontro os mesmos pressupostos de posse e mando que encontrava no século passado. Isto significa o total desinvestimento na relação amorosa. Um exemplo:  tenho mulheres casadas /juntas que não se lembram  da última vez em que foram jantar a dois ou numa escapadinha de fim de semana. Quando os confronto, depois das desculpas dos gastos ( muitas vezes espúrias porque gastam eles mais  nos seus hóbis), indagando se não faria bem à relação, lá vem o tijolo: Bem a quê? Estamos juntos há muito tempo, nada está mal . Esta pequena migalha do meu  gabinete serve apenas para ilustrar uma

Farsas

Os três filmes sobre a luta contra  o comunismo na Polónia são polacos. Ou seja, o assunto, um dos mais importantes da vida europeia do final do século  XX, nunca interessou às grandes companhias  de Hollywood nem aos produtores, intelectuais e artistas franceses ou ingleses.    Há coerência. Também são raríssimas as incursões da  Europa ilustrada e unida contra o populismo, o fascismo e as fakes news, no quotidiano  de metade dos (actuais) europeus  sob a pata das polícias secretas, da interdição de manifestações, da proibição de livros e do encarceramento por delito de opinião. É evidente que eleger o assunto como tema de atenção significaria mostar como funcionou, na prática, o comunismo. Nos detalhes da repressão e da pobreza e não no palavreado do progresso e  da liberdade. Também havia episódios burlescos. Na Polónia as pessoas festejam o aniversário e o dia  do seu santo.  Quando era a vez de Walesa, uma espectacular pantomina desenrolava-se  diante de sua casa. Uma a u