No intervalo entre a primeira e segunda guerra púnica, Cartago deparou-se com a rebelião dos mercenários. Começou na Sicília, estendeu-se aos assalariados líbios Os mercenários queriam ser pagos, bem pagos ( o prometido) e sem mais delongas. O Estado central, orgulhoso, não sabe bem porquê, de ter sobrevivido ao primeiro embate com Roma, descuidou-se. Talvez porque tiveram de pagar a paz com condições duríssimas, os cartagineses pensaram que os andrajosos mercenários teriam de se contentar com o que sobrasse. Foi uma dura lição.
Um Estado deve sempre ter especial cuidado com a sua base de apoio. Durante a WWII, umas das pouquíssimas coisas não racionadas em Inglaterra foi o fish & chips. A base de apoio do governo é a função pública, porque é o único grupo de eleitores cujas vidas pode afectar rápida e directamente. Pensionistas, professores, enfermeiros, médicos, sentem de imediato o efeito da política governamental: para o bem e para o mal.
Convém recordar que, em 2011, o PS, aflito, chamava a Troika enquanto Passos Coelho prometia não mexer num cêntimo dos ordenados e subsídios. O colégio eleitoral fez as contas e despediu o menino de ouro. Hoje, nesta acalmia de marés, nunca o governo se equeceria da sua base de apoio.
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