Operárias, donas de pequenos aviários, empregadas de supermercados. Quando comecei, no século passado, era raríssimo ter com elas conversas sobre sexo e aparecerem-me produzidas no gabinete, orgulhosas das unhas de gel ou das tatuagens. Eles, por seu turno, aparecem-me da mesma maneira. A pegunta dos cem milhões ( pelo menos a que eu faço a mim próprio) é: por que motivo não evoluíram eles também ? Encontro os mesmos pressupostos de posse e mando que encontrava no século passado. Isto significa o total desinvestimento na relação amorosa. Um exemplo: tenho mulheres casadas /juntas que não se lembram da última vez em que foram jantar a dois ou numa escapadinha de fim de semana. Quando os confronto, depois das desculpas dos gastos ( muitas vezes espúrias porque gastam eles mais nos seus hóbis), indagando se não faria bem à relação, lá vem o tijolo: Bem a quê? Estamos juntos há muito tempo, nada está mal . Esta pequena migalha do meu gabinete s...
Filipe Nunes Vicente, psicólogo, escritor ocasional/ psychologist, ocasional writer ( Ed Bertrand, Quetzal).