Operárias, donas de pequenos aviários, empregadas de supermercados. Quando comecei, no século passado, era raríssimo ter com elas conversas sobre sexo e aparecerem-me produzidas no gabinete, orgulhosas das unhas de gel ou das tatuagens. Eles, por seu turno, aparecem-me da mesma maneira.
A pegunta dos cem milhões ( pelo menos a que eu faço a mim próprio) é: por que motivo não evoluíram eles também ?
Encontro os mesmos pressupostos de posse e mando que encontrava no século passado. Isto significa o total desinvestimento na relação amorosa. Um exemplo: tenho mulheres casadas /juntas que não se lembram da última vez em que foram jantar a dois ou numa escapadinha de fim de semana. Quando os confronto, depois das desculpas dos gastos ( muitas vezes espúrias porque gastam eles mais nos seus hóbis), indagando se não faria bem à relação, lá vem o tijolo: Bem a quê? Estamos juntos há muito tempo, nada está mal.
Esta pequena migalha do meu gabinete serve apenas para ilustrar uma das fogueiras da reacção destemperada deles quando elas dão à sola: elas são deles, serão sempre deles. Como se a relação amorosa fosse um prolongamento da relação com o carro, com as botas ou com os amigos.
( cont.)
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